Diário dos Açores

Políticas de cá e uma chacina desconsiderada

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Livres da pressão dos anteriores acordos parlamentares com o PCP e o BE, uma maioria absoluta que afinal se revelou bem amarga tanto para o Primeiro-ministro e o PS, como para o rumo direitista do atual mandato.
Cá estamos, sem António Costa, com a possibilidade de novas eleições antecipadas oua possibilidade mais vaga de o PS formar outro governo.
Abstenho-me de comentar a ação da justiça, na certeza porém que mesmo antes de serem considerados culpados, seria muito difícil que, dado o alcance deste processo, os seus acusados, arguidos e até mesmo todo o governo atual não fossem tratados como pré-culpados pela informação, pelas redes sociais e por certa oposição que, mesmo cheia de telhados de vidro e à falta de opções políticas diferentes das da maioria PS, joga tudo no trampolim da corrupção, sobretudo para chegar ao poder e não tanto para acabar com ela.
Venham então os próximos capítulos…
Outro protagonista do poder em Portugal, o Presidente da República, estará certamente ávido de virar todas as atenções para este assunto, depois da vergonha que passou e fez o país passar com as suas declarações públicas, frente ao representante diplomático palestiniano, onde menosprezou com uma insensibilidade surpreendente e indigna, a terrível situação humanitária que se está a viver na Palestina.
Ignorou simplesmente os apelos da ONU para um cessar-fogo que pusesse fim à criminosa chacina e sanha vingativa em curso pela mão do exército e do Estado de Israel (após o ataque do Hamas a este país, que fez 1400 mortos, entre militares e civis)sobre a faixa de Gaza, e também na Cisjordânia, que num só mês já matou mais de 10000 palestinianos civis, mais de 4000 crianças, e impôs pelas bombas a destruição massiva do edificado, escolas, hospitais, instalações da ONU e o desalojamento criminoso de cerca de 600.000 seres humanos que Israel já antes enclausurara sobretudo em Gaza.
Não foi um deslize ou uma inconveniência presidencial. Foi a fria subserviência disfarçada e cúmplice àqueles que, como a administração norte-americana ou a cúpula da União Europeia, acham que um cessar-fogo só serviria para “normalizar” o Hamas, mesmo que isso signifique, em alternativa, “normalizar” (como está a acontecer por vontade deliberada de Israel) a continuidade do extermínio coletivo dos palestinianos e da Palestina…
Nos Açores, o seu parlamento parece preparar-se para chumbar o Plano e Orçamento do governo PSD, CDS, PPM. Um Plano assistencial-eleitoralista, bem espelhado na posição sobranceira do seu Vice-presidente face aos direitos laborais (equiparados aos das amas do Continente)reivindicados pelas amas na Região: “As amas estão muito reivindicativas, já lhes demos ótimas condições, ainda querem mais?”
Pelo que está anunciado, “fartos” de 3 anos de más políticas, o deputado do Iniciativa Liberal e o deputado do Chega, que suportaram e foram cúmplices até agora, para mal dos Açores e dos açorianos, daquelas políticas que tanto acham criticáveis, irão desta vez votar contra o Plano e o Orçamento para 2024, juntando os seus votos aos do PS e do BE e caucionando o seu chumbo.
Significa isto que finalmente se arrependeram das suas posições anteriores e estão dispostos a seguir um caminho diferente? Ou não estarão antes o seu eleitoralismo e demagogia estimulados pelo facto de ser já em 2024 que haverá eleições regionais e, com esta mudança de posição, procurar em apressar a perceção pública de que sempre foram oposição ao governo?


Mário Abrantes

 

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