No último mês temos assistido a um desenfreado número de artigos de opinião, postagens em redes sociais, mensagens privadas e rumores sobre uma eventual crise política caso seja reprovado o Orçamento da Região para 2024.
Eu, que atualmente desempenho um cargo de eleição política e que ando por cá há muito pouco tempo, consigo perceber perfeitamente porque o cidadão comum não se consegue envolver num dever de cidadania em prol de um bem comum: a melhoria da vida dos Açorianos. O descrédito nas instituições políticas é gritante e sobre a classe política não circulam opiniões agradáveis.
O que temos assistido, nos últimos dias, por parte de quem governa esta Região, são discursos de realidades fantasiosas, paralelas. Discursos que demonstram o desespero de quem vê o poder a fugir. O desespero de quem sabe que grande parte desta governação não foi um sucesso e que, por essa via, não acredita no seu próprio projeto político para ir a eleições e garantir que o Povo Açoriano reconheça todo o alegado mérito da governação da coligação.
Nem eu, nem qualquer Açoriano acredita que este Governo de coligação faça num ano, aquilo que não conseguiu fazer em 3 anos! As promessas de que agora é que vai ser o ano de fazer tudo e de dar tudo a todos, confirma a incapacidade de o fazer até agora.
Naturalmente, a IL tem a sua responsabilidade e reconhece-o! Somos um partido que não arranja subterfúgios e desculpas esfarrapadas para fugir às suas obrigações. Quando entramos para a Assembleia Regional, em 2020, foi com uma campanha eleitoral dedicada à melhoria da vida dos Açorianos, ao crescimento da economia, à simplificação e desburocratização de processos que atrasavam a vida de milhares de cidadãos. Foi uma campanha dedicada a combater os 24 anos de socialismo instalado e que até 2020 não tinham tirado os Açores dos índices negativos em que se encontravam.
A Iniciativa Liberal deu um voto de confiança, ou melhor, 3 votos de confiança (com 3 orçamentos aprovados) e acreditou que um acordo de incidência parlamentar com o PSD fosse suficiente para que a Região seguisse um rumo diferente, com a implementação de medidas que melhorassem a vida de todos nós, melhorando todos os maus indicadores que tínhamos. Ficamos sempre à espera que a tal mudança de paradigma ocorresse… mas ela nunca ocorreu! O que vimos foi a implementação das mesmas medidas, dos inúmeros jobs for the boys, dos interesses pessoais acima dos interesses da Região e um tanto de outras políticas, mais socialistas que as do próprio PS.
Há departamentos governamentais que trabalham empenhadamente e que implementam, quase diariamente, medidas que melhoram a vida das pessoas, que simplificam, que desburocratizam. Existem milhares de funcionários públicos que, diariamente, dão o seu melhor em prol do seu serviço e tudo isso a Iniciativa Liberal reconhece! Nesta situação, a velha máxima aplica-se: por más políticas de uns, pagam os outros! Quando a satisfação de clientelas partidárias está acima da causa pública, não há nada que safe todo o bom desempenho!
Irresponsabilidade seria a Iniciativa Liberal continuar a apoiar um governo que quase diariamente afronta os Açorianos, que não dá respostas aos problemas da Região e que,em 3 anos, não implementou as medidas robustas que seriam necessárias para melhorar a vida de todos os cidadãos e a nossa economia. Irresponsabilidade foi o aumento da dívida pública, foi o incumprimento do orçamento aprovado, a não execução das medidas previstas e o incumprimento, por parte do PSD, de um acordo de incidência parlamentar que garantia a maioria parlamentar! Isso sim, foi irresponsável!
Quanto à instabilidade, a existir, é dentro da própria coligação do Governo. É entre os 3 protagonistas que já demonstraram desentendimento inúmeras vezes. Quando se passa a vida a gritar aos sete ventos e quando semanalmente se tem de vir justificar a coesão e a estabilidade deste Governo de coligação PSD/CDS/PPM, é porque algo vai mal internamente. Está à vista dos Açorianos!
A Iniciativa liberal considera que este Orçamento é eleitoralista e assistencialista, quer dar tudo a todos, como aconteceu no passado, continuando a manter os Açores como uma das Regiões mais pobres do País e da Europa. Votamos CONTRA, conscientemente. E por muitas razões, todas elas credíveis!
Devemos devolver a voz ao Povo Açoriano o mais depressa possível e irmos para eleições. Os Açorianos merecem respeito!
Alexandra Cunha*
*Dirigente da Iniciativa Liberal Açores