“Prosa poética e vinte anos a fotografar paisagens e gentes dos Açores”
Diário dos Açores

“Prosa poética e vinte anos a fotografar paisagens e gentes dos Açores”

Previous Article Previous Article Presidente da República ouve hoje os partidos dos Açores sobre possibilidade de dissolução
Next Article Lançado concurso para creche na freguesia de Santo António Lançado concurso para creche na freguesia de Santo António

Sérgio Ávila (fotos) e Sidónio Bettencourt (textos) lançam livro

Hoje, às 18 horas, no Centro Natália Correia, na Fajã de Baixo, é lançado o álbum fotográfico “Açores O Poema da Luz”.
Trata-se de uma belíssima obra, com fotos do conhecido investigador científico Sérgio Ávila, textos do jornalista  Sidónio Bettencourt e prefácio de João Bosco Mota Amaral.
O Diário dos Açores esteve à conversa com Sérgio Ávila, para nos falar deste novo livro.

                             *

Fale-nos de “Açores – O Poema da Luz”...
Este livro é o resultado de mais de vinte anos a fotografar as paisagens e as gentes dos Açores.
 É o meu terceiro livro de fotografias, após a publicação em 2007 de “A Balada das Baleias” – um livro em família e de homenagem aos baleeiros do Sul do Pico, com o meu avô Ermelindo Ávila a escrever um texto de introdução ao livro versando a história da caça à baleia nos Açores e a sua transformação, com origem nas Lajes do Pico, de uma actividade de caça em observação de baleias, e com um belo texto de prosa poética do meu tio Sidónio Bettencourt a acompanhar, descrevendo cada uma das fotos –, a que se seguiu em 2017 a publicação do livro “Açores a Preto e Branco”, com textos de Victor Rui Dores a introduzirem, numa viagem muito pessoal do Victor e da sua família, a cada uma das nove ilhas do nosso arquipélago.
Neste “Açores – O Poema da Luz”, coloquei a mim próprio o desafio de fotografar a cores, pois até à data, a minha visão fotográfica estava, por opção própria, restrita ao preto e branco. Foi um processo que levou o seu tempo, mas fiquei muito satisfeito com o resultado. Verdade seja dita, que as nossas ilhas ajudam, pois parece-me muito difícil a quem verdadeiramente seja adepto da fotografia, não obter imagens excepcionais dos nossos lugares, das paisagens exuberantes, do contraste entre o azul do mar e as nuvens – as nuvens nos Açores são tão magníficas que é possível editar um livro só com nuvens! – e dos rostos dos açorianos…
Para o “Açores – O Poema da Luz”, convidei mais uma vez o Sidónio Bettencourt para escrever o texto que faz a introdução a cada ilha. 
Profundo conhecedor dos Açores, homem da rádio e da televisão, jornalista premiado e com um excepcional currículo na área da comunicação social, quem o conhece e à sua obra literária (realço aqui os livros “Deserto de Todas as Chuvas” e o “Já Não Vem Ninguém”), sabe que os textos do Sidónio são prosa poética de primeira água. Este livro demonstra-o à evidência.
Quando chegou a altura de escolhermos quem desejávamos escrevesse o prefácio, o Sidónio e eu dissemos em uníssono: “Mota Amaral”. O convite foi feito e, com muita alegria da nossa parte, de pronto aceite.
O livro proporciona, na opinião dos seus autores e de quem nos prefacia, uma visão abrangente e detalhada das ilhas açorianas, constituindo um excelente cartão de visita a quem nos visita. 
Não há muitas obras deste género no mercado e sugiro que, a exemplo do que sucedeu com “A Balada das Baleias”, este possa ser o livro que o Governo Regional dos Açores ofereça em 2024 às individualidades que visitem, de forma oficial, o arquipélago. Fica a sugestão.

Como é, em si, o acto de fotografar?
O acto de fotografar é eminentemente solitário.
 Quando saio em trabalho para fotografar determinada ilha, levo imenso equipamento, pois nunca sei de antemão a lente ou o tipo de equipamento que irei utilizar. 
Nos Açores, a luz varia imenso e de forma muito rápida, e os motivos de interesse são muito diversos. 
Por vezes, espero bastante tempo pela melhor luz, já com a máquina montada no tripé e com o enquadramento seleccionado. 
Trabalho sempre com 2 corpos Nikon D850, um deles com uma grande angular fixa ou zoom, o outro com a objectiva fixa de 105 mm montada, à espera de encontrar alguém que possa fotografar. 
Quando passo por uma pessoa que me chama a atenção, paro e falo com ela. 
Chego a estar quase uma hora a conversar, pois sou naturalmente curioso (deve ser a minha costela de cientista a falar…), e peço sempre autorização para fotografar. 
Gosto muito de fotografar em dias de chuva, até mesmo de mau tempo. O que é frequente nos Açores, e ainda bem – os dias de chuva, claro!

Inspirou-se nas paisagens das investigações científicas que tem desenvolvido?
Aquando das expedições científicas em que regularmente estou envolvido, é muito difícil fotografar artisticamente, pois estou concentrado na investigação e na coordenação da equipa, logo rodeado de cientistas e alunos. 
As fotografias que nessa altura tiro são efetuadas com um ponto de vista mais técnico, mais detalhado, para realçar determinado elemento e, quase sempre, com o intuito de as utilizar mais tarde, para ilustrar os artigos científicos que resultam do trabalho de investigação da equipa.

Depois deste, há mais projetos?
Sim. Tenho já pronto um novo livro de fotografias, desta vez intitulado “Aldeias Históricas de Portugal”, com texto de Carlos Nolasco, um investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e que será editado pela Letras Lavadas em 2024. 
Aproveito aqui a oportunidade para enaltecer o excecional trabalho de Ernesto Resendes e dos seus filhos, bem como de toda a equipa da Nova Gráfica e da Letras Lavadas, em prol dos autores açorianos e da sua divulgação nacional e internacional. 
As doze aldeias históricas de Portugal estão integradas numa rota turística e pertencem a 10 concelhos localizados na Beira Interior. 
Fotografei estas aldeias (na realidade, algumas são cidades, como é o caso de Trancoso, a terra natal da minha mulher Alexandra Castela) durante períodos de férias e estou muito satisfeito com o resultado.
No futuro, haverá certamente outros projectos, pois não consigo estar parado (risos).

Como vai ser o lançamento do livro?
O álbum fotográfico “Açores – O Poema da Luz” será apresentado ao público  Quinta-feira (hoje), dia 30 de Novembro, pelas 18:00 horas, no Centro Natália Correia. 
Para além dos autores e de João Bosco Mota Amaral, falarão ainda Ernesto Resendes, sendo que a apresentação da obra será efectuada pelo professor, escritor, poeta e ensaísta, Victor Rui Dores. 
Gostaríamos de ter sala cheia e convidamos quem gosta de fotografia a se nos associar neste evento de promoção do que mais belo os Açores têm: as suas paisagens e as suas gentes!

jornal@diariodosacores.pt

Share

Print

Theme picker