Diário dos Açores

Educação e Cultura: Dimensões e Perspetivas

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Opinião

DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO E CULTURA (I)

Quanto mais desafiam para a cidadania, mais desconfio se não dão exemplo de empenho cívico, se não se empenham na palavra, como trabalho sério, de coerência entre o que dizem e o que fazem. Cada cidadão consciente é um verdadeiro educador na chamada “sociedade educativa”. Urge meditar sobre várias Dimensões da Educação e Cultura. 
Ponta Delgada, 17 de novembro de 2023
Emanuel Oliveira Medeiros
Escrito e publicado, originalmente, na minha Página do Facebook. 


DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO E CULTURA (II)

Quanto mais desafiam para a cidadania, mais desconfio se não dão exemplo de empenho cívico, se não se empenham na palavra, como trabalho sério, de coerência entre o que dizem e fazem. Cada cidadão consciente é um verdadeiro educador na chamada “sociedade educativa”. Urge meditar sobre várias Dimensões da Educação e Cultura. 
Fala-se muito em Cidadania. Na Política é muito frequente. Quanto à Política é de sublinhar que todos somos Políticos. Dei muita atenção ao facto de o Papa Francisco, no início do seu Pontificado,  nos desafiar para a Política. Mas três anos depois recomendou-nos para não nos metermos na Política. Meditei e concluí que é uma aparente contradição. No fundo, aconselhar a participar na Política é um Desafio sensato e leva a uma consciência moral mais apurada. Mas onde está a razão de um Papa aconselhar e desaconselhar, a nível mundial, de se meterem na Política? Certamente porque nem sempre a Política é uma atitude séria nem uma ocupação honesta. Há gente séria em toda a parte mas as estruturas e as instituições, com as suas patologias crónicas, têm já uma incapacidade de acolherem os elementos, agentes e pessoas com profunda Educação e Cultura, capazes de induzirem as mudanças e as transformações necessárias. O que deve prevalecer, as estruturas ou as pessoas como sujeitos individuais? Não sou nem individualista nem coletivista. O que deve prevalecer é a Pessoa. E já não basta falar em humanismo, vejo que o humanismo cristão preserva e fortalece o alimento capaz de nutrir a pessoa, havendo assim força e discernimento para promover a Educação e a cultura.
Ponta Delgada, 18 de novembro de 2023
Emanuel Oliveira Medeiros
Escrito e publicado, originalmente, na minha Página do Facebook. 


DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO E CULTURA (III)

A Educação e a Cultura é um desafio e exigência para todos. Nunca estamos educados. Mas o que nos pode ajudar, em prevenção, em situações inesperadas para sabermos como agir e proceder com correção, de modo justo e certo? Se é dito que “ninguém pode invocar o desconhecimento da lei (quem as conhece todas? Ninguém) então como saber agir? Em primeiro lugar ter o sentido da integridade pessoal - moral e física - e procedendo tendo como fundamento Princípios e Valores universais. O ensino e a instrução têm de ser constituintes da Educação. A Educação não pode ser uma noção vazia. A Educação é, em si, uma realidade plena de valores. Se não podemos saber tudo, se muitas vezes um certo normativismo prejudica a Educação e os Valores temos de deixar os terrenos minados e investir na boa terra, nos campos, férteis, que dão bons frutos. E como dão bons frutos? Certamente com boas sementes e sementeiras. Mas sabemos da Parábola do Trigo e do joio que veio - e vem - o inimigo e espalha o mal, espalha o mal entre o bem, que é o trigo. Crescidos o trigo e o joio, os apóstolos sugeriram a Cristo cortar o joio. Cristo disse que não. Que deixassem amadurecer e, aí, seria ceifado o trigo e o joio, este que seria queimado no fogo da geena, o mal, “onde haverá choro e ranger de dentes”. Na vida o mal procura as suas investidas e misturar-se com o bem, mas a paciência, à luz de Cristo, permite sempre a colheita abundante do Bem, o Bem vence, sempre. S. Paulo afirma:” Não te deixes vencer pelo mal, vence, antes, o mal com o bem”. É preciso saber esperar, um verbo, ativo, da família da Esperança, que é uma virtude teologal.
Não há cidadania sem virtudes e isso tem sido esquecido, num pretenso neutralismo e laicismo, muitas vezes inóspito.
Então como agir com virtudes, com sabedoria e prudência? Com o fundamento dos Princípios e dos Valores? Mas os Princípios e os Valores têm de ser ensinados e transmitidos desde o Berço. Quem cresce contra Princípios e Valores é uma Pessoa deformada e não tem verticalidade para afrontar quem quer que seja com a Força e Capacidade fundamentais. Uma pessoa não é respeitável intrinsecamente por exercer um cargo mas deve ser e ter toda a integridade pessoal para inspirar respeito pela lei, - acima de tudo a lei da consciência moral - que deve ser realizada, como um valor em si e não à medida de calculismos que, depois, se viram contra quem contribuiu para legislar em função de egoísmos e interesses interesseiros que muitas e muitas vezes degeneram em corrupção. Está à vista. 
Para haver uma Educação e Cultura idóneas tem de haver decência na Democracia. Temos de questionar, com fortalecimento na Educação e Cultura, o que é a Democracia e os riscos da Democracia representativa e participativa.
Ponta Delgada, 18 de novembro de 2023,
Emanuel Oliveira Medeiros
Escrito e publicado, originalmente, na minha Página do Facebook


DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO E CULTURA (IV)

As questões da Educação e da Cultura, interpelam-nos a todos os momentos e em múltiplas situações da vida. Em termos de noções, de ideias, de conceções podemos identificar muitos conceitos e realidades. Por exemplo, podemos falar da Educação em termos formais e a educação em termos informais, educação escolar e educação não escolar. Mas os conceitos inter-relacionam-se. A educação familiar, formal e informal assume um lugar primordial.  Aliás, até de acordo com a Constituição da República Portuguesa, na Educação pré-escolar, a escola tem um papel supletivo à Família. Mas por motivos laborais, o trabalho dos pais e/ou mães, e também com fundamentos científico-pedagógicos (que começou com a educação nova, com vários autores, psico-pedagogos) foi alargando em Portugal, no seu conjunto, e ainda mais cedo nos Açores, a Educação Pré-Escolar. Mas é importante dizer que em nenhuma fase da educação escolar se dispensa a Família, antes pelo contrário. A Figura e Ação dos pais e encarregados de educação é fundamental. 
Mas o importante é que haja diálogo e colaboração entre as escolas e as famílias. Essa colaboração passa por uma comunicação séria e honesta e pelo respeito e responsabilidade de ambas as partes. Há pais e mães que não sabem o que lhes compete e em vez de um diálogo profícuo excedem-se e criam conflitos. Os conflitos, em si, raramente são saudáveis, o que é importante são bons diálogos, diplomáticos com lisura e cordialidade, edificantes, ao serviço da Verdade e da sua busca permanente. A razão está na verdade e não no aluno, no professor ou encarregado de educação. A boa Comunicação não é uma etiqueta, a boa Comunicação resulta do Respeito face à face, do saber fazer tempo, e dialogar sem pressa. Em termos pedagógicos não há “diálogo horizontal” e “diálogo vertical”. O diálogo não se adjetiva desse modo embora se possa adjetivar com adjetivos para melhor compreensão da natureza do diálogo que houve ou a haver.
Sempre defendi a autoridade democrática de professores. Mas continuo a defender que sem uma prova, pública, de Deontologia Educacional e Profissional, obrigatória e eliminatória, ninguém deveria entrar na Profissão de Professor, mesmo com falta de professores, ou mesmo por isso, sem uma prova de Deontologia, para apurar o antes e prevenir o depois. Quando o Berço não dá, ou o percurso escolar estraga, é preciso uma vacina de caráter. Não é por um curso evocar uma palavra na sua designação que é o que enuncia.
Estamos numa fase de falta de professores. E nada tenho a opor que se exerça sem curso. Comecei a lecionar, em aulas oficiais, aos 18 anos de idade. Guardo os testemunhos dos/as alunos, que muito me Honram. Mas atenção, Sou Professor por Vocação e Missão. Aqui está uma das maiores falhas, gravíssimas, no ensino e em todas as Profissões. Escolher ou incentivar uma Profissão pelo dinheiro é um erro, que se paga caro. Em termos transversais, nas várias profissões e atividades profissionais, as pessoas não estão a exercer por Vocação e Missão, a começar por quem foge para o exercício de cargos, muitas vezes por incompetência e maldade, - causando danos e estrago, que não devem ficar impunes. 
Só exerce bem quem o faz de Coração. Quem educa a Educação?
Em Democracia as pessoas e o Povo são Soberanos. Em Democracia cada Pessoa é Soberana, sujeito de direitos e deveres, agentes vivos de Educação, Cidadania e Cultura.
Tenhamos presente Figuras inspiradoras como o Dr. Mário Soares e o Dr. Francisco Sá Carneiro e muitas outras Figuras de várias áreas, independentemente de graus e títulos.
Cada Pessoa, cada Cidadão, é sujeito histórico, com uma história de vida e uma Voz, única e inconfundível.
Ponta Delgada, 18 de novembro de 2023,
Emanuel Oliveira Medeiros
Escrito e publicado, originalmente, na minha Página do Facebook

Emanuel Oliveira Medeiros 
Professor Universitário*
*Doutorado e Agregado em Educação e na Especialidade de Filosofia  da Educação 

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