Diário dos Açores

16 Dias de Ativismo pelo fim da Violência Contra as Mulheres

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Flores da Resistência: O fim da violência contra as mulheres

Num mundo que anseia por paz, igualdade e justiça, é doloroso reconhecer que a violência contra as mulheres persiste de forma assombrosa. Esta é uma questão que transcende fronteiras, culturas e estratos sociais, deixando um rasto de dor e desigualdade no caminho.
O fim da violência contra as mulheres não é só uma aspiração idealista, mas uma necessidade urgente que exige a ação decidida de cada um de nós.
A violência contra as mulheres não é um problema distante, confinado a estatísticas ou a casos isolados. Ela está presente na nossa sociedade, muitas vezes escondida sob o véu do silêncio e da complacência. Chegou o momento de despojar esse véu, enfrentar a realidade crua e encarar a responsabilidade coletiva de erradicar essa epidemia social.
A história que vos conto não é no meu jardim, mas está plantada em tantos jardins espalhados pelo mundo.
Num jardim, agora sombrio, uma Flor desabrocha, o seu coração pulsa com as cores da vida. Com o passar dos dias, essa Flor conhece outras plantas, flores, ervas. Ela apaixona-se por uma Erva Daninha, que se disfarça de afeto. A Flor começa a lutar contra as correntes da manipulação.
Cada palavra é como um vento que sussurra dúvidas e desespero, que faz murchar as pétalas da Flor. A Erva Daninha rega a terra de veneno com inseguranças, transformando a beleza num campo de espinhos.
O veneno é um arquiteto cruel que constrói paredes invisíveis ao redor da Flor e assim a mantém isolada. A Flor, que antes era livre para dançar ao vento, é agora prisioneira da própria fragrância, afogando-se nas palavras tóxicas que caem como gotas de chuva ácida. O veneno não deixa cicatrizes visíveis, mas corrói lentamente, por onde passa devora a essência daquilo que a Flor já foi um dia.
As outras flores ao seu redor questionam, duvidam e sugerem que denuncie. Os jardins vizinhos dão força e trazem uma brisa de esperança que sussurra através do jardim envenenado. A Flor, sob a sombra do veneno da erva daninha, sente uma centelha de resistência. É como se uma pequena raiz começasse à procura de água pura e assim tenta romper a superfície daquele solo contaminado.
Com o apoio das outras flores, a Flor procura um jardineiro para a ajudar a desenredar as raízes contaminadas e permitir que novos brotos cresçam. Os jardineiros terapeutas cuidam para as pétalas desgastadas encontrarem força para se erguer novamente.
Apesar de rodeada da Erva Daninha, a Flor não apenas sobrevive, mas floresce de uma maneira mais vibrante. Ela transforma-se numa obra de arte única. A Flor escolheu ser feliz, beber água fresca que nutre raízes, que permite desabrochar com toda a sua beleza renovada.
Nenhuma Erva Daninha pode sufocar a resiliência da natureza. Que cada mulher, como esta Flor, encontre a força para romper as correntes da violência. Que o jardim da vida floresça com o poder da escolha. Pois a verdadeira beleza reside na liberdade e na paz.
O fim da violência contra as mulheres não é uma tarefa fácil, mas é uma questão que não podemos mais adiar. Requer uma abordagem holística, envolvendo governos, instituições, comunidades e indivíduos. Somente através da colaboração e da determinação coletiva podemos construir um futuro onde todas as mulheres possam viver livres da sombra da violência, do veneno, da erva daninha. A pergunta não é se podemos alcançar esse objetivo, mas sim quando, e o momento para agir é agora.
Esta história acabou bem, mas será que todas as flores florescem?
Contra a violência, erguemos a voz, plantamos a resistência e colhemos a igualdade.

Liliana Cardoso

Campanha 16 Dias pelo Fim da Violência contra as Mulheres 2023

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