Conheci a mãe dos meus primeiros filhos, sentada num banco de jardim (eu era mais afoito aos dezoito), a ler Leon Tolstoi. Anna Karenina, que li pouco tempo depois dela, pode não ter sido o livro da minha vida, mas marcou dois momentos dela. Aqui, e quando foi para dar o nome à nossa primogénita.
Tolstoi, se bem me lembro, começa a escrever o livro dizendo: “Todas as famílias felizes são iguais; cada família infeliz é infeliz à sua maneira. ”
Pode haver uma única maneira de ter sucesso e muitas maneiras de falhar, mas geralmente não sabemos como é o sucesso , ou felicidade, ou satisfação, etc. , até que realmente os experimentemos como uma parte do dia a dia de nossa realidade. Dito isso, geralmente temos uma intuição muito boa do que é o fracasso. A felicidade pode ser nebulosa, mas o sofrimento não. A saúde sente-se, e não se sente (talvez porque não a valorizamos o suficiente), mas os efeitos da doença são claros. E eles estão claros imediatamente.
As coisas negativas existem, concreta e obviamente. Podes argumentar o quanto quiseres sobre o que objetivamente constitui dor e sofrimento, mas quando dás uma topada no pé da mesa, ou quando um ente querido morre, fica claro que experimentas uma versão da realidade que é menos ideal do que poderia ser, e que valeria a pena interpretar o sinal que essa realidade está lhe enviando e, então, fazer algo que o ajude a seguir em frente.
Na inelicidade os teus dias serão repletos de imaginar a situação para trás e para a frente, dissecando-a de todos os ângulos, de todas as perspectivas. Vais negligenciar o que costumava importar. Quando isso continuar por tempo suficiente, começarás a presumir que continuará para sempre. Perderás a esperança.
O oposto simplesmente não acontece.
É preciso treinar o outro lado da vida. Para que um dia, sem perceberes, passarás uma hora sem pensar nisso. Seis horas, 24, e ainda mais. Eventualmente, a história será eliminada da tua narrativa.
E coisas novas ocuparão mais espaço da tua mente.
É necessário exercitar o lado positivo da vida, para que, para todas aquelas coisas, que pensaste que nunca irias superar, chegue o dia, em que te preocupaste com elas pela última vez.
Haja saúde