Novo Ano –  novos desafios

Novo Ano – novos desafios

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“Os donos do mundo, titulares de uma sociedade conservadora, tudo farão para resistir à visão humanista, solidária e integradora da economia, defendida por entidades religiosas  e inteletuais insuspeitos, bem como pelas camadas jovens.”

 

2022 inicia-se sob o espetro da incerteza.
A natureza não dá saltos e não é de esperar que, de um momento para o outro, os ponteiros do relógio extinguissem uma pandema sem paralelo nas nossas memórias coletivas.
Muitas conjeturas já foram avançadas visando alterar sistemas económicos, sociais e políticos para responderem satisfatoriamente ao desenvolvimento de povos e nações. Todavia, essas propostas dificilmente convencem os sistemas e os protagonistas que mais beneficiam dessas novas soluções.
Pode acontecer que, face à situação aguda com que a humandade se confronta, resultante da crise climática e das soluções propostas, tenhamos, forçosamente, de enveredar por outros caminhos, e então sim! tudo se tornará mais fácil à mudança tão necessária à salvaguarda da humanidade.
Todavia, os poderes económicos instalados, dificilmente abdicarão dos largos e vantajosos proventos e privilégios que retiram do sistema económico vigente. Os donos do mundo, titulares de uma sociedade conservadora, tudo farão para resistir à visão humanista, solidária e integradora da economia, defendida por entidades religiosas  e inteletuais insuspeitos, bem como pelas camadas jovens.
Há sinais significativos e promissores de que as sociedades mais desenvolvidas enfrentam movimentos de contestação só equiparados aos protestos dos anos 60 do passado século.
O número elevado de negacionistas, opositores aos benefícios da toma das vacinas anti- covid-19 e à investigação científica, engloba um número significativo de jovens e adultos dos mais diversos quadrantes.
Significa isto que os jovens se opõem à investigação científica? Julgo que não. Apenas  rejeitam o modelo económico e social que valoriza sobremaneira os lucros dos impérios farmacêuticos, em detrimento da saúde humana dos povos menos desenvolvidos, da preservação da natureza e do ambiente.
Num estudo recentemente divulgado1 pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, baseado numa amostra a 4.900 jovens, entre os 15 e os 34 anos,apurou-se que 64% dos jovens portugueses sente-se muito responsáveis pelo combate à crise climática. Em  sua opinião, reciclar resíduos e usar energias renováveis é a ação considerada mais eficaz contra o problema ambiental.
Dos inquiridos2, 53% revelam ter votado em todas as eleições e 21% na maioria delas. E fazem-no porque 74% acham que quem não vota não se pode queixar dos governantes.
Contrariamente ao que se diz, 87% dos jovens afirmam ter posição política: 33% das mulheres situam-se à esquerda do espetro partidário, contra 26% dos homens. Do centro afirmam ser 41% das mulheres, contra 39% dos homens; de direita 35% são homens e 26% mulheres.
Há portanto mais mulheres de esquerda e mais homens de direita.
Interessante é também saber que, no último ano, 40% dos jovens teve participação cívica, assinando, pelo menos, uma petição; ou ainda que eles acham que a eutanásia se justifica-se (6,7), numa escala de 1-10.
O estudo, abrangendo embora todo o território nacional, dá indicações que se podem transpôr para o nosso universo insular, atendendo a que, nalguns parâmetros sociais, nomeadamente a penetração das tecnologias de informação e comunicação (TIC), os Açores estão acima da média nacional.
Sendo assim, o estudo revela que 97% dos inquiridos utilizam as redes sociais e que 7 em cada 10 jovens passa entre 1-3 horas do seu tempo nessas plataformas.
Contra fatos não há argumentos – diz o aforisma. Criticar o posicionamento de rapazes e raparigas por se posicionarem de forma diferente sobre a sociedade e o mundo em que vivemos e que eles pretendem construir a seu modo, não parece correto.
Dentro de dias os partidos políticos concorrentes às próximas legislativas de 30 de janeiro, apresentarão as suas propostas ao eleitorado. Algumas, pretendendo conquistar maior número de votantes.
Destes, os jovens são cidadãos com um nível superios de escolaridade cada vez mais alto (35% com curso universitário), porque entendem que é com essas habilitaçẽs que obtêm melhores empregos (36%).
2022 vai continuar a marcar, certamente, uma rutura em hábitos e comportamentos sociais.
É assim que se processa a evolução dos comportamentos humanos e das sociedades.
Oxalá os mais altos responsáveis saibam entender os sinais dos tempos e responder, com competência, aos desafios com que nos vamos confrontar.
    


http://escritemdia.blogspot.com


*Jornalista c.p.239 A

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