´Regresso às aulas
Teresa Nóbrega

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A reabertura do ano lectivo, num quadro pandémico com um número de infectados e um grau de contaminação nunca antes atingido, é o acontecimento marcante desta semana que não podemos deixar passar em branco.
A nível nacional as escolas reabriram com cerca de 45% das crianças vacinadas na faixa etária dos 5 aos 11 anos.
Foi também antecipada a vacinação com a dose de reforço aos docentes e ao pessoal não docente de todas as escolas do país.
Todas estas acções profiláticas permitiram que o Secretário de Estado da Saúde pudesse declarar “que estavam reunidas todas as condições para começar o ano lectivo em segurança”.
Segurança foi também a palavra de ordem na Madeira, pioneira na vacinação das crianças no país.
O objectivo era vacinar antes da reabertura das aulas os alunos com idades compreendidas entre os 5 e os 11 anos, mas a resistência de muitos pais à vacinação dos seus filhos, apesar dos apelos constantes do Governo Regional madeirense, obrigou à alternativa da testagem massiva de toda a comunidade escolar que começou a ser testada antes das aulas reabrirem, testagem que vai continuar num trabalho que o presidente do Governo Regional da Madeira classifica de “muito intenso”.
A testagem antes da reabertura das aulas permitiu detectar 132 novos casos de COVID associados à comunidade escolar, evitando assim a contaminação de turmas na reabertura das aulas.
Perante este cenário no Continente e na Madeira coloca-se a questão: e nos Açores?
Nos Açores as aulas também reabriram na segunda-feira, com todo o grupo etário dos 5 aos 11 anos por vacinar e toda a comunidade escolar por testar.
A testagem massiva só para o 1.º e 2.º ciclos inicia-se hoje em algumas escolas das ilhas de São Miguel e Terceira, prolongando-se até 16 de Fevereiro.
A testagem, apesar de limitada e tardia, certamente que será motivo de detalhadas reportagens.
Mas ainda sobre a vacinação, ou não vacinação, das crianças, inclusive as pertencentes a grupos de risco ou com vulnerabilidades, não passaram despercebidas as declarações do Secretário Regional da Saúde, que quando questionado admitiu não ter sido feito o levantamento preciso do número de crianças a vacinar e fez questão de salientar, referindo-se certamente ao que se passou na Madeira que “ não há muita adesão, de qualquer maneira vamos dar essa possibilidade a quem entender proceder a essa vacinação”.
Um discurso claramente desmobilizador para quem tem o dever de apelar à vacinação de todos.
Estas declarações levam-nos a supor que por ter encomendado tardiamente as vacinas pediátricas a Região não terá conseguido adquirir vacinas suficientes para as crianças do grupo etário dos 5 aos 11 anos, que nem se sabe quantas são. Na Madeira são 14715
Mais grave do que as declarações do Secretário Regional da Saúde foram as do Presidente do Governo Regional quando, na passada sexta-feira e a propósito do atraso da vacinação pediátrica nos Açores, disse que “queremos evoluir com uma cronologia de decisões e de opções de acordo com o conhecimento científico e as melhores soluções”.
A vacinação pediátrica está aprovada por todas as instâncias científicas internacionais, europeias e nacionais e está a ser posta em prática por todos os Estados.
É estranho que um responsável político de uma região europeia pactue com suspeições sobre a evolução do conhecimento científico já avalizado pelas rigorosas instituições que o certificam.
Reconhecer o erro de deixar as crianças para trás no processo de vacinação seria a atitude mais correcta e digna.

 *Jornalista
A autora escreve segundo a anterior ortografia   

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