O verdadeiro confronto  que está a acontecer
Mário Abrantes

O verdadeiro confronto que está a acontecer

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A campanha de sofá a que a pandemia a muitos tem obrigado favoreceu claramente as audiências dos principais debates televisivos, facilitando a eventual manipulação de consciências e vontades por parte da SIC e da TVI (grupo Impresa e grupo Media Capital) e ainda da RTP 1 (empresa pública).
Refugiada no dúbio conceito de liberdade editorial, foi triste constatar que o Canal 1 da RTP, alinhou com as outras estações nessa manipulação muito pouco isenta. Por exemplo: o debate entre António Costa e Rui Rio demorou o triplo do tempo (1h 15m) dos outros (25 min) e, no noticiário de domingo passado (já em tempo de campanha oficial), dois comentadores comprometidos com o PS e o PSD foram chamados a sentenciar sobre os debates entre todos os partidos e, como se isso não bastasse, com a condição imposta pelo jornalista(José Rodrigues dos Santos) de falarem em separado, primeiro sobre todos os debates à exceção do de Costa com Rio, e ddepois apenas sobre este último…
Há quem não se canse de acusar este ou aquele partido de fazer uma campanha eleitoral porca, mas, e sem dúvida com muito maior gravidade, como qualificar esta campanha patrocinada pelas principais televisões do país?
Ainda assim, mesmo com muita poeira para os olhos, vai-se entrevendo que o confronto importante que está em curso não é entre dois auto intitulados candidatos a 1º ministro, uma coisa que não existe, nem tão pouco um confronto apenas entre PS e PSD, mas antes o confronto entre as ideias da esquerda e da direita, protagonizadas, não por dois, mas por diversos partidos e que se irá refletir nos diferentes deputados eleitos no próximo dia 30.
Ou a visão bipolar PS/PSD, favorável à direita, que protege os interesses dos grandes grupos económicos privados e do capital financeiro, e que mutila e esquece partes fundamentais do interesse nacional, com destaque para o trabalho e os trabalhadores e as micro, pequenas e médias empresas. Ou a visão integrada do interesse nacional, dando prioridade ao trabalho, aos trabalhadores, ao aumento dos seus salários e a uma legislação laboral mais justa, às MPME e ao aumento da produção nacional, considerando-os fatores estratégicos de desenvolvimento económico e de progresso social.
Ou uma revisão da Constituição, seja para instaurar a prisão perpétua, para acabar com a Segurança Social Pública, ou para acabar com o Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito e transformá-lo num sistema de financiamento público aos privados, fazendo o mesmo com a Educação. Ou a defesa da Constituição para garantir Serviços Públicos de qualidade, bem como o seu devido financiamento e as boas condições dos seus profissionais.
Ou um frustrante combate à pobreza e à corrupção, alimentando oportunistas de extrema direita, com o risco de pobreza a atingir dois milhões de pessoas, em 2020, enquanto os milionários dobram as suas fortunas e a corrupção gera prejuízos de 18 mil milhões de euros, mais 4 mil milhões que o total das despesas com o SNS. Ou mudanças profundas de políticas para estes dois setores que nem o PS nem a direita preconizam, antes hostilizam (como a penalização do enriquecimento ilícito ou o controlo da sangria para os offshore),e que só a esquerda e a CDU em particular são capazes de assumir.
Uma maioria absoluta do PS, para ficar liberta de convergências à esquerda, um Bloco Central PS/PSD, ou uma convergência direitista igual à dos Açores, são soluções que mutilam e esquecem partes fundamentais do interesse nacional. Não servem nem o progresso económico nem a justiça social.

 

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