É deveras interessante a onda de solidariedade com a Ucrânia, por este mundo fora.
Gostava de simplificar, e dizer que a empatia dos europeus foi assumida de forma rápida e coerente, e que isto se prende com dois factores: os ucranianos são loiros e de olhos azuis, portanto de semelhança europeia, e a diabolização dos russos, mais precisamente o seu representante, de nome vladimir putin (as minúsculas são uma escolha).
Mas a questão da diabolização do dito cujo, supremacista, racista e xenofobo, pode ter um peso mais pequeno, tendo em conta que ele mandou bombardear a Síria e a Tchetchênia, provocando catástrofes humanitárias, e não houve tamanha, e tão rápida, revolta e condenação. Porque, os povos destes países/culturas afastavam-se do “standard” europeu. E quanto mais se afastam, mais se afasta a nossa empatia.
Enquanto os refugiados de outras situações similares (os enteados do titulo) eram colocados em campos de refugiados, em tendas, etc. Estes são recebidos, na Polónia, por exemplo, com uma estrutura expectável por qualquer europeu. Recepção e encaminhamentos exemplares.
Por outro lado encontro outro factor: a comunicação.
Até hoje, nunca a informação da vida, do sofrimento, e da resiliência, de um povo foi tão mediatizada. Mesmo pensando na primeira guerra assistida em directo; a retirada do iraque do Kuwait foi vista assim. E não foi vista assim porque não foi sentida assim.
Este não é um país do terceiro mundo. Isto é europa, com pessoas que tentam fugir em carros iguais aos nossos, com roupas iguais às nossas, com profissões, empregos, escolas, e até ansiedades iguais às nossas.
Há o diabo que quer destruir o nosso modo de vida. Ou, no mínimo, o modo de vida de quem nos é semelhante. O mal, tão bem representado, na pele de um russo, o diabo, não terá sucesso, nem um final feliz.
este mundo é um lugar perigoso,
e quem não está assustado com o que se está a passar,
está onde ?
haja saúde
haja paz