A fábrica de holocaustos
José Soares

A fábrica de holocaustos

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Transparência

A História mais uma vez se encarregou de demonstrar o quão frágeis são todas as estruturas que sustentam as liberdades sociais e políticas.
Para que tudo se conjugue, basta que os sistemas democráticos afrouxem as suas capacidades e logo alguém liderando um qualquer país, se envolve completamente na ânsia do poder absoluto.
Foram muitos os sinais dados pela Rússia de Putin, de que tudo estava a descambar para o lado putinista. Há anos a esta parte que aquele ex-KGB vinha empregando métodos exercitados e praticados durante décadas pela antiga União Soviética. O Ocidente não fez caso.
O caminho percorrido por Putin nos últimos vinte anos, enquanto político influente russo, vem dando fortes sinais de um elaborado plano pessoal, cuja ambição não tem limites. O Ocidente não fez caso.
Quando começou a trocar de lugar na presidência da Rússia, entre ele próprio e a sua marioneta Dmitri Medvedev, os tiques de autocracia eram visíveis. O Ocidente riu-se e ignorou.
As perseguições a todos os líderes da oposição com voz crítica, foram aumentando e nalguns casos, os assassinatos começaram a fazer parte da agenda de Putin. O Ocidente olhou para o lado, tímido e amedrontado.
O poderio crescente da Rússia no fornecimento de combustíveis ao Ocidente, aprisionava as Democracias e mantinha-as no silêncio desejado por Putin.
Todas as etapas militares percorridas até agora através de diversas invasões de países ou partes de países vizinhos, caíram completamente no silêncio do Ocidente. Aos poucos, Putin foi estudando a indiferença das democracias face aos seus atos e achou que poderia ir avançando.
Mandou restaurar grandes palacetes czaristas, ao mesmo tempo que ordenou um funeral oficial às ossadas da família imperial, assassinada em 1918 por Lenin e desenterrada pela arqueologia russa, encarregando a Igreja Ortodoxa russa de os santificar.
Putin foi sempre jogando um interessante jogo de xadrez, confundindo muitas vezes o resto do mundo. Astuto, malicioso, ambicioso e nacionalista radical, o seu sonho hitleriano de rebuscar antigos impérios por meios bélicos não recua.
Demorou muito, a covardia ocidental. Foi necessário a fábrica da morte começar a funcionar em modo holocausto, para que os arrepios e as lembranças viessem de novo assolar as nossas algibeiras e forçasse o Ocidente a agir.
No meio desta hedionda criminalidade internacional, os Açores servem, mais uma vez, de base de apoio à aviação militar americana e não só. O governo português decide e pratica o que entende. É bom que no futuro compense as populações condignamente.
Os terrenos contaminados na Terceira continuam por limpar. Um barco com mais de 4 000 carros e baterias a bordo, acabou por naufragar nos mares açorianos. Um enorme prejuízo ambiental, fruto de alguma negligência que morrerá solteira.
Entretanto, os atos deste Putin foram unanimemente condenados em vários parlamentos livres do mundo ocidental. Em Lisboa não houve unanimidade. O partido comunista português não condenou as ações de Putin. Outro candidato à fábrica de holocaustos.
A Ucrânia vai cair perante a Rússia. É tarde demais para Putin dar volta ao processo. Ele nem o deseja. Vai continuar, perante a passividade do ocidente que, entretanto, preparou tardiamente uns castigos económicos para os quais, Putin se preparou durante os últimos dez anos.
O povo russo irá sofrer, mas Putin julga-se imune.
Tudo chegou até aqui, porque o ocidente dormiu e ignorou.
Desde a sua independência que a Ucrânia pede a sua entrada na União Europeia. A França e a Alemanha sempre se opuseram. Agora querem fazê-lo em dias?
E porque razão a própria Rússia nunca entrou na EU?
O eterno medo dos grandes. O facto da Ucrânia ser o maior país geográfico europeu a seguir à Rússia, faz temer uma França ou uma Alemanha, que podem perder a influência atual perante estes gigantes. 

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