Mário Vargas:  Percurso exemplar de praticante desportivo e treinador de jovens
Eduardo Monteiro

Mário Vargas: Percurso exemplar de praticante desportivo e treinador de jovens

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Desportistas do meu tempo

A influência inglesa na área desportiva na ilha do Faial fez com que muitos jovens iniciassem a sua aprendizagem, desde muito cedo, tanto no contexto escolar como nas escolas de formação dos clubes tradicionais. O Mário Vargas foi mais um dos contagiados daquele tempo pelo fenómeno desportivo, atendendo a que a partir dos 10 anos de idade já se dedicava à patinagem e iniciação ao basquetebol, passando, a partir dos 13 anos de idade a frequentar a escola de patinagem/hóquei em patins do Sporting Club da Horta, tendo como ídolo o nosso saudoso amigo Vitor Rocha.
Esteve sempre muito ligado ao Sporting da Horta onde praticava andebol e futebol como guarda redes nas categorias de juniores e de seniores.  Na defesa da baliza do Sporting participou no torneio açoriano de classificação para a Taça de Portugal, em 1965, na cidade de Angra do Heroísmo. Nesse mesmo ano fez parte da selecção da Associação de Futebol da Horta numa digressão aos Estados Unidos.
Conheci o Mário Vargas num encontro de basquetebol, em que ele alinhava pela selecção do Liceu da Horta e eu fazia parte da equipa do Liceu de Angra do Heroísmo, realizado no recinto do Lawn Tennis Clube em Angra do Heroísmo, quando a nossa idade ainda rondava os 14/15 anos. Entretanto, o nosso entusiasmo pelo desporto aumentava e, enquanto o Mário se dedicava mais ao hóquei em patins e basquetebol, eu estava mais virado para o basquetebol e futebol. Embora estas fossem as modalidades desportivas da nossa preferência isso não invalidava a nossa participação noutras actividades desportivas quando surgia uma oportunidade.
Após ter terminado o percurso liceal o Mário Vargas tirou o curso de professor na Escola do  Magistério Primário da Horta. Ainda exerceu a profissão de professor durante dois anos, até ser chamado para o serviço militar obrigatório (1966). Depois da recruta e especialização no território continental foi destacado para Moçambique onde permaneceu, entre 1968 e 1970, na zona norte daquela então província ultramarina.De regresso aos Açores, na sua qualidade de professor foi colocado na Escola Primária da Ribeirinha, na ilha Terceira, onde exerceu funções nos anos escolares de 1970/71 e 1971/72. No ano seguinte (1973), surgiu uma oportunidade de valorização profissional, tendo ingressado na SATA, onde permaneceu até atingir a idade da reforma.
O seu dedicado desempenho profissional nunca foi um factor impeditivo de continuar ligado ao desporto nas horas de lazer. Assim, foi praticante de basquetebol e andebol no Sport Club Angrense durante muitos anos, tendo representado a Associação de Desportos de Angra do Heroísmo integrado nas selecções de basquetebol e hóquei em patins, por diversas ocasiões, com realce para o torneio de basquetebol efectuado em Angra do Heroísmo, em que participou a equipa do Sport Lisboa e Benfica.
Quando iniciámos, em 1982, as nossas funções na Direcção Regional de Educação Física e Desportos recordamos,perfeitamente, que o Mário Vargas aderiu, de imediato, ao projecto de desenvolvimento desportivo a implementar nos Açores. Com o reinício das actividades ligadas à patinagem, que tinham estado inactivas por cerca de 22 anos,  exerceu as funções de coordenador/treinador das equipas de formação (infantis, iniciados e juvenis) de hóquei em patins na ilha Terceira. Como praticante da modalidade ainda actuou desde 1984 até 1988, representando o Marítimo e o S.C.Angrense (época de 1987/88 - treinador /jogador). No ano seguinte foi responsável técnico do S.C.Angrense. No período entre 1990 e 2000foi treinadorda equipa do S.C.Lusitânia, tendo participado no nacional da 3ª Divisãoem 4 ocasiões. Julgamos que a sua acção foi deveras significativa, naquela altura, na revitalização da modalidade na Terceira e no arquipélago açoriano.
Quem teve a oportunidade de acompanhar o percurso desportivo do Mário Vargas como atleta e treinador conhece perfeitamente a qualidade de pessoa , bem formada, que sempre foi. A sua maneira de interpretar o jogo e a sua forma de estar na competição desportiva, perante companheiros e adversários, foi pautada pelo respeito mútuo, sendo um exemplo para os praticantes mais jovens. Independentemente das suas qualidades técnico-desportivas como praticante, nunca deixou de transmitir às gerações mais novas os ensinamentos que foi adquirindo ao longo dos anos de praticante e nas acções de formação que frequentou. O seu contributo no projecto de desenvolvimento desportivo regional lançado em 1982 foi precioso.
Um bom exemplo no Desporto das nossas ilhas.

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