António Machado (Tony Aguiar): Um Grande Senhor do Desporto Micaelense
Eduardo Monteiro

António Machado (Tony Aguiar): Um Grande Senhor do Desporto Micaelense

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Desportistas do meu tempo

Conheci o Senhor António Aguiar Machado, então Presidente da Associação de Futebol de Ponta Delgada, pouco tempo depois de ter assumido funções na DREFD (1982). Embora fôssemos de gerações diferentes tínhamos em comum um passado desportivo que proporcionava um fácil entendimento em matéria de desporto e um bom  relacionamento pessoal,  que se estendeu por todo o período em que trabalhei na Secretaria Regional da Educação (1982-1989).
O Senhor Tony Aguiar, como era conhecido no associativismo desportivo, era uma pessoa muito respeitada e prestigiada na sociedade micaelense. O seu passado desportivo como atleta já vinha do tempo de aluno no Liceu Nacional de Ponta Delgada, que representou integrado nasrespectivas seleções de basquetebol e voleibol. No seu percurso desportivo, o hóquei em patins foi uma modalidade à qual esteve ligado durante muitos anos.O Dr. Alexandre Rodrigues, seu professor de matemática no Liceu Nacional de Ponta Delgada, foi quem introduziu o hóquei em patins em S.Miguel (1947). O Tony Aguiar participou nessa histórica iniciativa como jogador de uma das equipas fundadoras. Nessa época, os encontros eram  disputados com tacos  de hóquei em campo e bolas de madeira. No final do ano apareceram, finalmente, os tão desejados  sticks e bolas regulamentaresque motivaramos praticantes e conduziram a uma melhoria significativa do nível de jogo praticado.
Entretanto, a falta de juízes credenciados fez com que o Tony Aguiar tivesse que dar uma ajuda nas arbitragens. Dois anos depois teve uma lesão grave e, por essa razão, teve que  deixar de jogar passando a dedicar-se exclusivamente à arbitragem. Aquando da inauguração do Estádio Margarida Cabral em Ponta Delgada (1951), foi o árbitro escolhido para dirigir o mais importante encontro do evento, entre o Clube União Sportiva e o Fayal Sport Clube.Após ter deixado a arbitragem, enveredou pelo treino desportivo tendo sido responsável pela equipa do Marítimo Sport Clube (1 ano). No ano seguinte, passou a ser treinador do Clube União Micaelense (8 anos) conquistando 4 títulos de campeão de S.Miguel. Nesse período, também desempenhou funções de selecionador/treinador de diversas seleções de S.Miguel, em diferentes torneios com equipas continentais, realizados em Ponta Delgada. Foi sócio fundador da Associação de Patinagem de Ponta Delgada (1954), tal como está consagrado nos estatutos da própria associação. Como ponto final na sua ligação ao hóquei em patins foi eleito Presidente da Associação de Patinagem de Ponta Delgada para um mandato de 3 anos (1970/72).
Na qualidade de praticante federado de futebol,já fazia parte da 1ª equipa do Clube União Micaelense (1946/47), emblema da sua simpatia, onde jogou durante 7 anos. Na temporada de (1959/60), teve a sua 1ª experiência como treinador na condução da equipa do Micaelense Futebol Clube  e, na época de (1965/66), foi responsável pela equipa do Clube União Micaelense. No intervalo destas duas experiências tirou o curso de árbitros (arbitrou apenas 1 ano) dirigido pelo árbitro internacional Dr. Décio de Freitas e foi nomeado delegado em S.Miguel  do jornal “O Árbitro” cujo director era o juíz internacional Joaquim Campos.
Entretanto, face às suas vivências desportivas e conhecimentos adquiridos no mundo do futebol,  enveredou pelo dirigismo desportivo (Associação de Futebol de Ponta Delgada). Assim, a partir de 1966, foi membro do conselho técnico (5 anos), vice-presidente da direção (2 anos) e presidente da direção (8 anos). Como resultado  desses 15 anos de trabalho voluntário em diversos cargos como dirigente da AFPD, fez muitos amigos que se tornaram referências históricas do futebol nacional, como o Dr.Silva Resende, Dr. Borges Coutinho, Fernando Vaz, César Grácio, Dr. Décio de Freitas e o  Joaquim Campos.
O seu entusiasmo e disponibilidade para colaborar com o associativismo desportivo fazia parte do seu quotidiano. Nos anos 60 e 70, integrou os órgãos sociais da Associação de Desportos de Ponta Delgada, tendo sido membro do conselho técnico, da comissão administrativa e vice-presidente da direção. Na década de (70/80) foi praticante e sócio fundador do Clube de Golfe de S. Miguel, tendo exercido as funções de presidente da comissão técnica entre 1984 e 1987. Pelo facto de, enquanto aluno do Liceu ter sido jogador de voleibol e, mais tarde, ter apoiado a modalidade no período em que esteve como dirigente na Associação de Desportos, acabou por ser convidado e exercer o cargo de presidente da nóvel Associação de Voleibol de S. Miguel em  1986 e 1987.

Entretanto, no início da década de 60, o Tony Aguiar juntamente com o tenente da Armada Mendes Quinto (mais tarde dirigente do ACP) e Albano Viveiros organizaram o “Rallye Iniciação”, que teve também a colaboração de Diniz Maia, Leo Weitzembaur e do tenente da Armada Armando Medeiros. Este rallye foi o ponto de partida para o automobilismo na ilha verde. Após o evento, o secretário do Grupo Desportivo Comercial, António Medeiros, convidou o Tony Aguiar, o tenente Mendes Quinto e o Albano Viveiros para o lançamento do automobilismo em S. Miguel com o apoio do GDC. Em Agosto de 1962, iniciaram o processo de oficialização do automobilismo junto do Automóvel Clube de Portugal (ACP) e, no início de 1963, veio a aprovação oficial para se avançar com o automobilismo em S. Miguel. Alfredo César Torres, então presidente do ACP e a sua equipa de trabalho,  foram decisivos no apoio à organização do Ralye de S. Miguel e na sua internacionalização. Foram 25 anos de dedicação de Tony Aguiar ao automobilismo.
Durante a sua carreira desportiva (60 anos), o Senhor António Aguiar Machado, foi um desportista eclético como praticante, mas também um cidadão exemplar nas diversas funções exercidas como árbitro, treinador e dirigente nas diferentes modalidades desportivas pelas quais  foi solicitado. As homenagens e louvores de reconhecimento público por parte do movimento associativo foram uma constante. Contudo, algumas entidades oficiais esqueceram-sede agradecer a este Grande Senhor do Desporto Micaelense, que pelo seu contributo à juventude e ao desenvolvimento desportivo desta maravilhosa ilha de S. Miguel, onde nasceua minha Avó materna, merecia, sem sombra de dúvidas, ter sido agraciado por todas as entidades que serviu, até porque algumas delas devem o facto de terem sido criadas a este grande desportista do meu tempo.
Até Sempre Amigo Tony Aguiar.

 

 

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