Dionísio Fernandes

Menos é mais

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Opinião

No que toca a problemas emocionais, sociais, e mentais, mais é menos.
Ou a habilidade da gente se desligar é um trunfo e não um sinal de algum problema.
Senão, vejamos. E, primeiro, vou sentar fazer um enquadramento. Enviesado, claro, para “servir” a minha perspectiva. E esta perspectiva “vê” uma relação entre o aumento dos problemas sociais e dos psicológicos. E que dentro da evolução é possível a existência de involução.
Durante, talvez antes, e, certamente, um pouco depois do século 19, a família era um micro centro social, com poucos distractivos. 
As tarefas do indivíduo e do grupo eram acumular, ter algum conforto, paz.
Com os avanços das tecnologias tudo mudou. Incluindo o campo de acção do indivíduo e do grupo, através da interacção. Incluindo a competição para os mesmos objectivos que tinham antes.
Em 1918, o impacto da eletricidade e da industrialização começou a ser questionado, pois havia uma conexão entre eletricidade e problemas de saúde mental.
As guerras. 
Mais tarde, na década de 1950, cento e seis transtornos de saúde mental passam a fazer parte de uma lista no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
Na revolução da computação, o DSM passa a ter uma lista maior, com 265 transtornos mentais.
Em 1994, duzentos e noventa e sete transtornos mentais estão na lista, e o número continua a aumentar.
De acordo com pesquisas em psiquiatria, publicadas, o uso de smartphones e construções relacionadas conduz a psicopatologias. E entre os problemas encontrados no uso excessivo de plataformas sociais é o medo de perder. Perda que se associa à perda de laços entre as pessoas, que, diga-se em abono da verdade, já há algum tempo.
O que é que se ganhou sem ganhar ? O excesso de coisas e pessoas com que nos envolvemos, e que são fontes de estabilidades emocionais.
O que é que se perdeu sem perder ? O contacto sério com aquilo que nos rodeia próximo. Fisicamente próximo e presente. Ter aqueles momentos para fazer uma pausa e ficar com os pés no chão onde se está.
O que precisamos conseguir sem esforço ? Limites. Limites aos outros e a nós próprios, tendo em conta as duas questões que coloquei.
Haja saúde
Dionísio Fernandes

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