“Comissão Europeia chegou-nos a dizer  que a SATA não podia voar mais”
Diário dos Açores

“Comissão Europeia chegou-nos a dizer que a SATA não podia voar mais”

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Presidente da SATA revela

Um dos mais aguardados pontos de interesse para os jornalistas da diáspora era sem dúvida a visita aos escritórios da SATA em Ponta Delgada, onde o grupo foi recebido pelo atual presidente do conselho de administração da transportadora aérea, Luís Rodrigues, antigo administrador da TAP, licenciado em Economia pela então Faculdade de Economia da Universidade de Lisboa, hoje Nova SBE e que veio substituir António Teixeira em finais de 2019.
Luís Rodrigues começou por dar as boas vindas aos jornalistas e traçou em linhas gerais o percurso da SATA e o que veio encontrar quando assumiu as funções de presidente do conselho de administração do Grupo SATA, as medidas de reestruturação urgentes e necessárias e a melhoria dos resultados operacionais da transportadora aérea, sobretudo na época pós-pandemia.

“Encontramos uma companhia falida e no caos”

“Ao assumirmos a chefia do grupo SATA viemos na realidade encontrar um cenário de uma companhia completamente falida, no caos e a situação agravou-se com a pandemia do covid-19, de tal forma que ao apresentarmos à Comissão Europeia, esteve na mesa o pior cenário possível: a extinção da SATA. Foi-nos dito literalmente: “Esta companhia não pode estar a operar, não pode voar mais”, referiu Luís Rodrigues, tendo adiantando que, com esforços do conselho de administração e dos governos regionais e da República, tal situação foi evitada.
“Quando perceberam bem que os Açores constituem uma região ultraperiférica da Europa e da importância da SATA para a região, houve uma abertura para a concessão do tal empréstimo que nos permitiu posteriormente a reestruturação desejada”, sublinhou o presidente do conselho de administração da SATA.

“Efectuámos trabalho de casa
durante meses”

“Efetuámos um trabalho de casa durante vários meses, com várias pessoas envolvidas, provenientes de várias instituições, entre consultores, auditores, com a própria equipa e com membros do Governo sobre este plano de reestruturação”, disse Rodrigues.
A verdade é que a Comissão Europeia aprovou um apoio de 12 milhões de euros ao Estado português à SATA, a título de compensação por danos sofridos como resultado direto das restrições às viagens impostas no contexto da pandemia, bem como um apoio à liquidez da companhia no montante de 255,5 milhões de euros. E quanto ao plano de reestruturação da companhia, a CE, em comunicado informou que: “as medidas aprovadas, que perfazem quase 270 milhões de euros, permitem a Portugal prestar apoio imediato à SATA para garantir a continuação das ligações aéreas entre as ilhas e com outros destinos a partir dos Açores. Ao mesmo tempo estendemos a investigação em curso quanto à conformidade das medidas passadas de apoio à empresa”.
Luís Rodrigues congratulou-se com os resultados obtidos, até ao momento, das diversas operações da SATA, com a implementação de medidas que visam não apenas a sustentabilidade da companhia como ainda da sua rentabilidade, demonstrando e comprovando tais resultados baseados em relatórios e que os jornalistas tiveram oportunidade de constatar num ecran em Power Point.

Companhia vai dar frutos
já em 2023

“Estamos satisfeitos e esperançados de que estas medidas de reestruturação e recuperação da companhia vão dar frutos já em 2023, aliás já estamos a ter claros sinais indicativos dessa recuperação”, referiu Rodrigues, que questionado sobre a importância das rotas da América do Norte, não hesitou:
“As rotas da América do Norte (Toronto e Boston) são de vital importância para a SATA e naturalmente que para todos os açorianos da diáspora, até porque satisfazem as nossas exigências no âmbito dessa recuperação financeira e devo acrescentar que os escritórios da SATA em New Bedford e Fall River são para manter, porque consideramos que é muito importante para a companhia e para a diáspora açoriana essa presença física numa zona de grande aglomeração de açorianos não esquecendo ainda o mercado norte-americano, um dos mais ricos do mundo e por isso também damos muita importância a esta rota”, observou Luís Rodrigues, que entretanto adiantou:
“Se chegarmos à conclusão de que dois escritórios for supérfluo então reduziremos a presença para um escritório apenas”, observando ainda ter conhecimento de um abaixo assinado para manter os escritórios abertos: “Ouvi falar de um abaixo assinado, e sinceramente não faço ideia de onde isso veio e nem dei atenção a isso, mas posso garantir que isso não tem qualquer fundamento porque esse mercado da América do Norte e em particular na Nova Inglaterra é estratégico e fundamental para a SATA, ponto final, parágrafo”.

Escritórios vão fechar
nos EUA?

Contudo, o Portuguese Times soube de fonte fidedigna não haver garantias de que os escritórios de New Bedfor e Fall River permaneçam abertos ao público e as tentativas de um posterior contacto com o presidente do conselho de administração da SATA revelaram-se infrutíferas.
Numa das próximas edições voltaremos a abordar esta questão.
O presidente da SATA abordou também a questão da separação da SATA Air Açores e da Azores Airlines, duas empresas com autonomia jurídica e independentes e sempre com a redução de custos em mente: “É óbvio que em aviação a escala é muito importante e portanto temos que fazer tudo para maximizar as sinergias entre as equipas e serviços, sempre que possível justificável para de tal forma conseguirmos baixar os custos”, esclareceu.
Sobre a introdução da rota Montreal-Lajes (Terceira), numa cidade canadiana onde a maioria dos açorianos são oriundos da ilha de São Miguel, Luís Rodrigues referiu que isso tem a ver com o turismo e a disponibilidade de slots nos aeroportos de partida e chegada, numa ação coordenada por diversos agentes, um dos quais o Governo Regional dos Açores.
“O importante é que a rota seja sustentável, economicamente viável e teremos de ter em consideração aquilo a que chamamos de slots, os pontos de partida e chegada dos aeroportos e sabemos que o aeroporto de Ponta Delgada começa a ficar um pouco congestionado, até porque essa rota foi introduzida pelo nosso acionista principal: o Governo Regional dos Açores, que entendeu que a rota aumentaria o turismo para a ilha Terceira”.

“Não estamos preocupados
com outras companhias”

Com outras companhias aéreas a voarem para os Açores, a partir dos EUA, caso da United Airlines, que acaba de introduzir três voos semanais a partir de Newark, NJ, para Ponta Delgada, estando previsto a partir deste mês de junho voar diariamente, o presidente da SATA não se mostrou particularmente preocupado: “Não estamos preocupados com as outras companhias, a nossa principal preocupação é fazer o nosso trabalho de casa e recuperar a empresa, pois sabemos que esta é a última oportunidade que a Comissão Europeia nos deu para fazer da SATA uma companhia sustentável e quanto a essa rota da United Airlines, por aquilo que sei, poderá estar condenada a seguir o mesmo destino que teve por exemplo a Delta Air Lines, sendo muito possível que no próximo ano abandone a rota”.
Finalmente, sobre a renovação da frota, em particular para o estrangeiro, agora com quatro Airbus A321neo (Breathe, Wonder, Magical e Inspire) para além dos A320, Luís Rodrigues não vê por agora necessidade de um aumento da capacidade, mas...
“Por agora a frota satisfaz-nos, mas se virmos que precisaremos de mais um ou dois aviões não hesitaremos em adquiri-los, mas há que ter todos os cuidados para cairmos em excessos, temos de recuperar uma imagem negativa que a SATA mostrou nos últimos tempos, sobretudo na pontualidade e aqui houve um esforço de todos para recuperarmos a imagem de uma companhia que está aqui para servir os açorianos do mundo inteiro com um serviço de qualidade para bem dos Açores. Essa é a nossa grande missão”, concluiu Luís Rodrigues, presidente do conselho de administração do grupo SATA.

Exclusivo Portuguese Times/
Diário dos Açores

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