Diário dos Açores

O facto, o número e o nome

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Olhar do Sul

O facto...

Turista paga e quer qualidade…

Junho, tempo de verão, de aumento exponencial de visitantes do exterior de cada ilha, da região e do país, momento de transcendente importância para a recuperação financeira das estruturas ligadas ao negócio do turismo.
Restauração, hotelaria, aluguer de automóveis, circuitos terrestres e marítimos são apenas alguns dos pilares da indústria. Mas há outro, a montante de todos eles, estruturante e transversal que, não acautelado, faz ruir todas as legítimas expetativas do setor: o atendimento.
Formação profissional adequada e melhores compensações financeiras são apenas dois dos caminhos a seguir pelos empregadores para cativarem a necessária mão de obra. Porém, elementos ainda mais básicos como a simpatia natural, a orientação para o turismo e para o turista, a consciência da importância superlativa da atividade para a sobrevivência presente e futura da região, de tão determinantes, falham em muitas (na maioria?…) das situações.
Tomemos como exemplo o “triângulo”, aproximação geográfica generosamente permitida pela natureza e tão pouco potenciada pelos Açores. E a sua ilha aparente e historicamente mais renomada, o Faial. Jamais se pode cativar turistas quando o atendimento é básico, muitas vezes deficiente e a maioria delas antipático, de “obrigação”, a despachar e dom o nariz empinado de quem não necessita de piscar o olho à clientela.
Dir-se-á que é impossível pensar em trazer mais forasteiros para a ilha se, a jusante da viagem, não há capacidade hoteleira para os receber e, pior ainda, a qualidade do serviço prestado fica aquém do mínimo e essencial.
Sejamos claros: o que damos ao turista, em muitos casos, é menos do que o desejável e, sobretudo, do que o projetado nas campanhas de promoção da região fora das suas fronteiras.
Quem visita quer ser bem atendido, quer ter múltiplas opções, quer pagar e receber em troca.
O paradigmático caso do Faial resume-se a exemplos de “lana caprina”: mesmo em época alta, à segunda-feira é quase impossível encontrar um restaurante para um simples jantar. Quase todos escolhem esse dia para a sua folga semanal, olvidando uma máxima elementar da atividade turística: são os clientes e a sua presença que ditam os momentos de pausa ou de maior aperto funcional.
Não é lógica a campanha pública para a melhoria de condições da pista do aeroporto da Horta, quando as estruturas disponíveis e a qualidade média do serviço prestado estão muito longe de corresponder às legítimas expetativas dos 168 passageiros que cada Airbus A320 da Azores Airlines transporta, de cada vez que nele aterra…

O número...

100 (anos do Sport Clube Lusitânia)

Quando se rebobina a história do desporto nos Açores, fatalmente se encontra no Sport Clube Lusitânia um baluarte. Pelas tradições acumuladas, pelos resultados alcançados e que dele fazem uma marca incontornável das estatísticas desportivas da região, pelas figuras que criou e potenciou em diversas modalidades e, sobretudo, pela identidade que trabalhou e estimulou ao longo de cem anos de existência.
Felizmente são alguns, nos Açores, os emblemas que têm, ao longo dos anos, marcado os ritmos de desenvolvimento desportivo e de agregação de valor social, sentimental e de vida às suas ilhas, cidades e vilas.
O caso dos “leões da rua da Sé”, que este ano viram a sempre icónica página do centenário, importa realçar o sentido coletivo e de envolvência comunitária que sempre os caracterizou.
Muito mais do que rebuscar os principais nomes associados à história, aos feitos desportivos ou ao dirigismo do Lusitânia, é imperioso, em 2022, enfatizar o cunho de extraordinária identificação com Angra do Heroísmo, com os valores, a história e as tradições da cidade “património mundial”, para concluir facilmente que os clubes são muito mais do que as pessoas que vestem camisolas, que ganham jogos e títulos e que marcam épocas e projetos. Os clubes - e o Sport Clube Lusitânia é, porventura, um dos maiores exemplos na região - são, eles próprios, o símbolo das suas terras, dos seus valores e das suas gentes.

O nome...

José Andrade

Costuma dizer, entre amigos, que é “um profissional de comunicação social emprestado à política”. Na verdade, as múltiplas funções que, ao longo dos últimos 30 anos, tem desempenhado em defesa da causa pública concretizam uma invulgar capacidade de adaptação e de defesa permanente dos valores culturais e idiossincráticos do povo açoriano e das suas raízes.
É, no atual quadro político açoriano, a face da ligação permanente com a diáspora, que tanto estudou e cuja saga promoveu em diversos momentos da sua vida profissional e cívica. O José Andrade Diretor Regional das Comunidades tem com este cargo e com o seu desempenho a “cereja no topo do bolo” de uma carreira alicerçada no serviço ao próximo e à região.
Ninguém lhe levará certamente a mal que não regresse, em pleno, ao seu lugar de “quadro” da rádio pública regional. Porque Andrade, na prestação de um outro serviço público de qualidade e mérito inquestionáveis, é dos valores mais seguros de que os Açores se podem servir. A diáspora saberá agradecer.


(*) Jornalista e Apresentador de Televisão

Rui Almeida (*)

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