Diário dos Açores

A Universidade e as “reservas” do Blue Azores e de Santa Maria

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A única vez em que estive numa sessão dos BlueAzores (e não Açores) dei-me ao trabalho de intervir por achar que o cidadão comum não estava a ser tido em conta ou protegido naquela coisa toda dos “porjetos” (e seus dinheiros claro) e das Associações das mais variadas, todas com os seus caciques que ditam as opiniões dos pobres associados , o Governo e a Universidade.
 A Senhora Doutora da Universidade disse “organizem-se”, como se o cidadão individual fosse como nos países totalitários, um zero sem direitos legais e constitucionais.
Nesta coisa das Reservas, agora dos Blues, a Universidade aparece como  a virgem imaculada e oráculo da fé como quem apagou o passado de muito trabalho nas Reservas e sem querer nomear pessoas ou lembrar o nome por que algumas ficavam nas Portarias, a que chamo, muitas vezes, mas não sempre, porcarias, havia a Reserva dos Meros e a Reserva dos Cavacos, apenas para dar dois exemplos, e posso garantir que acredito que nenhum daqueles animais deixou de ser medido, estudado e escrutinado com todo o cuidado até finalmente ser comido.
No caso dos Meros, depois de mergulhar com o saudoso amigo Jorge Prista e a equipa de Jacques-Yves Cousteau, no Alcyone (numa das saídas com o próprio Cousteau a bordo), em que passados alguns meses os meros  das Feteiras que lhes mostramos e eles filmaram foram mortos, fiquei a favor da proibição da caça ao mero e colaborei ainda  na RTP com esse objetivo até ser atingido.
Os meros  são dados também nos Açores como espécie criticamente em perigo (copiando a inefável UICN) quando o que diminuiu foi a quantidade deles de tamanho razoável e, claro, não preciso de dizer porquê.
Só na poça da Ferraria há três residentes, e perto muitos mais.
Mas claro, algumas destas são histórias muito antigas que não diminuem o muito que a Universidade deu e dá aos Açores. Veja-se, ainda há dias, a excelente intervenção do Prof. José Azevedo, e claro que hoje em dia deve haver por parte da Universidade um cuidado extremo com as intervenções em “Reservas”, mesmo nestas Reservas modernas do Turismo.
Não pareceu quando na Poça da Ferraria à vista de dezenas de turistas e com a ajuda  de elementos da Junta de Freguesia dos Ginetes, que estavam a renovar as cordas, retirei finalmente um bloco de betão com olhais de ferro enferrujados e ainda restos de cordas que a Universidade ou alguém que assim se declarou há alguns anos  abandonou no fundo da Poça.  Segundo me disseram na altura, era um “porjeto” para medir vários parâmetros da água e  ainda retirei outras peças enferrujadas, parecia uma competição com as duas Secretárias do Ambiente do PS, que nos encheram aquela zona da costa com destroços das obras falhadas que iam fazendo ao longo dos anos.
Mas, voltando ás Reservas dos Blues, fui à internet tentar descobrir :
1 –Que reservas são impostas aos Açorianos?  
2 – São reservas integrais onde só muito excepcionalmente pode entrar seja quem for e com cuidados até na embarcação utilizada ou, como actualmente, destinam-se apenas a  excluir a presença e os olhos curiosos dos Açorianos, mas permitindo a presença constante dos barcos mais poluentes que existem nos mares açorianos?
3 – São reservas integrais nas zonas mais utilizadas pelos barcos de pesca predadores de fora ou ainda lhes facilitam a vida excluindo o escrutínio pelos nativos?
4-Quais são as verdadeiras razões certamente benévolas de quem agora se interessa finalmente por ajudar os ignorantes Açorianos?
Ás 3 primeiras não tive respostas nem áreas, nem mapas, nem descrição de quem é excluído e quem pode ir lá isto é os barcos a motor cheios de russos e chineses, apenas para gozar um pouco com a situação.
A última questão tem realmente a resposta no livrinho dos Blues, pág.21, e é simples, são 12.700 milhões de euros de “carbono azul”, seja lá isso o que for, 50.000 euros de cada Açoriano por ano. Se for verdade acabou a pobreza e a falta de meios no SRS, nem precisamos trabalhar nunca mais.
Claro que quem gerisse aquilo podia aparecer como o salvador do mundo, quando o pouco que ainda está a ser salvo na nossa pequena zona do planeta pelo carbono “azul” engolido pelo mar açoriano é como no resto do mundo, 25% das emissões (deles citadinos muito poluentes que as nossas são engolidas sem sequer serem notadas), mas, claro, se todas estas Fundações, Universidades e amigos ambientais de última hora que ganhamos não estivessem cá, o mar açoriano continuaria calmamente a tentar resolver o que todos os amigos das actividades económicas pseudo-limpas, sustentáveis, ecológicas , verdes e azuis  e da exploração feroz do mar vem provocando nos últimos 50 anos, e só um triste exemplo da capa do I dia 14 - Portugal 200 toneladas de barbatanas? De tubarão para os chinocas doentios se divertirem, a chacina que denunciei muitas vezes continua por lá e por cá? Mesmo que fosse uma tonelada de tubarões seria de mais e como acreditar que a UE, Portugal e os Açores mudaram e vão ser os grandes protetores em vez dos grandes exterminadores??
No Dollabarat de há 20 anos contávamos facilmente 10 ou mais tubarões de várias espécies, até um tigre lá vi,  além das mantas verdadeiras, com 5 ou 6 m, agora calculo que com anos de “proteção” de Portugal e da Autonomia não haja um único.
Mas, finalizemos (para já), com umas pseudoreservas em Santa Maria, que acho que ainda não são dos Blues, mas são produto de mentes perturbadas e beneficiadas. Tenho de me penitenciar porque julgava que tal coisa que viola quase tudo em direitos fundamentai,s impondo exclusões e discriminação activa e militarizada de cidadãos, não tinha ido em frente.
Só em países totalitários ou corruptos ou as duas coisas é que vi este género de aborto pseudo protetor. Resumindo,  excluiram os Marienses das suas zonas tradicionais de mergulho e lazer no mar e entregaram-nas à exploração feroz pelos tais barcos poluentes cheios do rebanho turístico que pasta nas nossas ilhas .
A situação actual é exemplo do que a Autonomia, quando besta sem freio Constitucional nos dentes, pode criar e a proposta futura é ainda pior, é quase como declarar a droga de interesse público e  entregar o controle das drogas nas ruas aos traficantes.
Agora parece que uns de S. Miguel (que, diga-se a verdade, tem muitos que tentam limitar os danos de imagem disto tudo), querem invadir o feudo reservístico dos barcalhões marienses com a sua frota e imaginem os tubarões baleia e as jamantas no Ambrósio com aqueles milhares de cavalos e fumos de gasolina em cima e no rasto poluente desde S. Miguel?? Ou Vila do Porto.
Ainda se tornam carnívoros e começam a comer aqueles gordinhos turísticos ou volta a orca que lá  vi o ano passado para esses petiscos.
Não precisamos disto nos Açores, desta “fuçanguice” demente pelo dinheiro em detrimento da qualidade de vida dos Açorianos. Precisamos de um equilíbrio que  assegure as actividades económicas que criam empregos reais e permanentes, que tem NIF e pagam os seus impostos nos Açores  e não se limitam a exportar os lucros (muitas vezes ilegalmente), coexistem pacificamente e sem benefícios policiais com as actividades de sempre dos Açorianos no seu mar.

João Paim Vieira *

 

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