Já pensei em fazer-me ao mar, acompanhar os pescadores numa noite de pesca à linha. Apenas para sentir o que está dentro do silêncio destes homens no seu regresso a terra.
Não se ouvem palavras. Há olhares, alguns gestos. Aguardam uns pelos outros; empurram, à vez, cada barco. Sentem cada onda, por mais ínfima que seja, balançam o barco, retesam os músculos e alguém geme o aviso. Iça! A interajuda faz a força.
Uma vez pousados os barcos, o ritual de amanhar o peixe é igualmente silencioso.
Parece que os homens trazem dentro de si a paz do mar.
Coisinhas, curiosidades XI
Baixar e enrolar a vela à volta do mastro, desencaixá-lo e transportá-lo para local seguro. Retirar o lastro (pesados blocos de basalto) e amontoá-lo num local preciso à beira mar, pedra sobre pedra, para uso futuro. Retirar o motor, levá-lo às costas. Tudo isto precede a coreografia que leva o barco à praia. Vendido o peixe, esta gente some-se em menos de um minuto. A praia fica novamente deserta, polvilhada de barcos que descansam.
Fiquem bem,
Ana
Ana Roque Oliveira *