Diário dos Açores

Outra vez a ganância da ANA

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Já aqui nos tínhamos insurgido, por mais de uma vez, contra a incompetência da ANA/VINCI no que toca às necessidades de melhoramentos no aeroporto de Ponta Delgada.
Passaram o tempo todo, durante a pandemia, quando não havia praticamente movimento de aviões, a ignorar o cenário que vinha aí, a olhos vistos de qualquer um, como agora se está a confirmar.
Era mais do que evidente que, no retorno da normalidade, o movimento no aeroporto de Ponta Delgada ia rebentar pelas costuras, como, aliás, avisou, atempadamente, o Presidente da SATA.
Agora, em pleno Verão, é que a ANA acordou da sua letargia, perante as evidências e as pressões institucionais, realizando obras que nunca mais acabam e que, com toda a certeza, só ficarão concluídas quando o Verão terminar!
Esta empresa deveria ter vergonha de gerir um aeroporto com tantas falhas, devido à previsível crise de crescimento, quando ao mesmo tempo, engorda as suas contas para distribuir pelos accionistas.
E o ponto é exactamente este: como é que uma empresa gere um bem público como lhe apetece, prejudicando uma ilha, uma região e os passageiros que por ali passam?
Uma empresa que lucra milhões e não investe um tostão em benefício de uma região e de uma população deveria merecer uma boa reprimenda por parte dos governos.
A confirmar a ganância, tivemos esta semana o triste episódio de Santa Maria.
Tanto a ANA como a NAV resolveram prejudicar a ilha e o bom nome da região, no mundo aeronáutico, outra vez por falta de investimento, levando a vários constrangimentos nas escalas técnicas e mesmo à antecipação do horário do encerramento do aeroporto, para além das constantes avarias no sistema ILS, que provocam cancelamentos de voos.
Fez bem a Presidente da Câmara de Vila do Porto em insurgir-se contra as decisões e negligências daquelas empresas, como também esteve bem em criticar o Governo Regional, que já teve dois anos para decidir sobre o problema do transporte marítimo de passageiros para aquela ilha e continua sem agir.
Começa a ser recorrente o governo ignorar os apelos das ilhas mais pequenas, porque não têm peso na coligação, a não ser uma, claro, que tem vindo a ser altamente beneficiada, pelas razões  que se conhecem.

Governo de férias?

O Presidente do Governo tem todo o direito (e merece) em ir de férias, mas o governo não.
A região não pára e a vida das pessoas também não.
É notória a ausência do governo por estes dias em matérias cruciais que estão a afectar as populações.
A inflação está a atingir proporções preocupantes, o poder de compra está a resvalar para níveis de crise e todos os governos pela Europa fora, incluindo o português, estão a anunciar, quase todos os dias, medidas de apoio às famílias, especialmente as mais carenciadas.
Por cá tivemos alguns fogachos, mas a maior mácula deste governo de coligação, que o devia envergonhar, é deixar que o preço dos combustíveis nos Açores já seja mais caro do que no resto do país, coisa que não se via há décadas.
Esta história da formação de preços apenas uma vez por mês é - como se está ver - uma decisão ridícula, para não dizer tonta.
Então se o preço do petróleo cair abruptamente, como se está verificar, e os governos europeus, incluindo Portugal, corresponderam com as respectivas correcções dos preços dos combustíveis, nós aqui nos Açores vamos ter que esperar um mês para beneficiarmos do mesmo mecanismo?!
Isto faz algum sentido?
Parece que sim, para um governo que está de férias.

Osvaldo Cabral *
osvaldo.cabral@diariodosacores.pt

 

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